Romain Grosjean deu a sua primeira entrevista após o assustador acidente do Grande Prémio do Bahrain e relatou de forma impressionante os 28 segundos em que viu “a morte a chegar”.
O piloto francês continua hospitalizado para recuperar das queimaduras sofridas nas mãos e só deverá receber alta esta quarta-feira.
Diretamente da sua cama no hospital, Grosjean falou pela primeira vez sobre o acidente à TF1 e à LC1, órgãos de comunicação social franceses.
“Não perdi a consciência”, disse Grosjean, que garante lembrar-se do acidente “do princípio ao fim”. “Para sair do banco, consegui remover o meu cinto e o volante já não estava lá, provavelmente voou durante o impacto.”
“Vi a minha viseira toda laranja e as chamas na parte esquerda do carro. Pensei em muitas coisas, em particular no Niki Lauda, e disse a mim mesmo ‘não é possível, não vou acabar assim, não agora’. E depois, pelos meus filhos, eu disse a mim mesmo que tinha de sair.”
“Tive mais mais medo pelos meus familiares, pelos meus filhos em primeiro lugar, mas também pelo meu pai e pela minha mãe. Não tive realmente medo por mim. Vi a morte a chegar, não tinha outra opção senão sair dali.”
“Mesmo em Hollywood, não existe”, acrescentou para descrever o acidente. “Fiquei 28 segundos nas chamas, mas pareceu-me muito mais tempo, tentei sair do carro três vezes. Depois deste acidente, estou feliz por estar vivo.”
Embora não esteja apto para participar no Grande Prémio de Sakhir deste fim de semana, onde será substituído por Pietro Fittipaldi, Grosjean pretende regressar na última corrida do ano, em Abu Dhabi.
“Quero terminar a minha história na Fórmula 1 de forma diferente”, afirmou. “O Romain Grosjean de antes nunca teria dito isto, mas se fizer Abu Dhabi, ficarei contente mesmo que termine em 20º.”
“Mesmo que seja complicado para aqueles que me são próximos, eu preciso de voltar a um carro de Fórmula 1 para ver onde estou e se posso continuar a pilotar.”
Grosjean falou ainda sobre a importância do Halo para a sua sobrevivência, não esquecendo o seu compatriota Jules Bianchi, que perdeu a vida na sequência de um acidente no Grande Prémio do Japão de 2014.
“Sem o Halo, eu não estaria aqui”, sublinhou. “Penso que o Jules não me queria lá em cima. É como um renascimento para mim. Serei marcado para toda a vida por este acidente.”