“Nunca me comparem com mais ninguém. Sou o primeiro e único piloto negro que já esteve neste desporto. Sou diferente.”: Lewis Hamilton não deixou nada por dizer na sua primeira entrevista exaustiva como piloto da Ferrari.
Esta quinta-feira, a revista TIME revelou que Hamilton estará na capa da edição de março e publicou um excerto da entrevista que realizou com o heptacampeão do mundo.
A decisão de abandonar a Mercedes ao fim de uma parceria de mais de uma década para cumprir o sonho de se juntar à Ferrari
“Não podes ficar parado durante muito tempo. Precisava de me lançar novamente para algo desconfortável. Honestamente, pensei que todas as minhas primeiras experiências estivessem feitas. O primeiro carro, o primeiro acidente, o primeiro encontro, o primeiro dia de escola. A sensação que senti com a ideia de estar pela primeira vez no fato vermelho e na Ferrari… Nunca me senti tão entusiasmado.”
No livro ‘Inside Mercedes F1: Life in the Fast Lane’ publicado no passado mês de novembro, Toto Wolff, diretor de equipa da Mercedes, abordou a saída de Hamilton para referir que “é algo que nos ajuda porque evita o momento em que temos de dizer ao piloto mais emblemático do desporto que queremos parar. Estamos num desporto em que a acuidade cognitiva é extremamente importante e acredito que todos têm um prazo de validade”.
Confrontado com essas declarações, Hamilton respondeu: “Nunca me comparem com mais ninguém. Sou o primeiro e único piloto negro que já esteve neste desporto. Sou diferente. Passei por muita coisa. Tive o meu próprio percurso. Não me podem comparar a outro piloto de Fórmula 1 com 40 anos de idade na história. Porque eles não são nada como eu. Estou faminto, motivado, não tenho mulher nem filhos. Estou concentrado numa coisa, que é ganhar. Essa é a minha prioridade número 1.”
Durante o inverno, o ex-diretor de equipa Eddie Jordan descreveu a troca de Carlos Sainz por Hamilton como “absolutamente suicida” para a Ferrari, tendo em conta a forma como o espanhol encaixava na Scuderia.
“Sempre aceitei a negatividade. Nunca respondi a nenhum dos homens brancos mais velhos que comentaram a minha carreira e o que acham que eu devia estar a fazer”, afirmou Hamilton sobre a análise de Jordan. “A forma como aparecemos, como nos apresentamos e como atuamos dissipa isso lentamente.”
Hamilton garante que o facto de ter completado o seu 40° aniversário não terá impacto na sua determinação.
“Ser velho é um estado de espírito”, disse Hamilton. “Claro que o corpo envelhece. Mas eu nunca vou ser um homem velho.”
“Sei exatamente onde está a Estrela do Norte. Sei para onde preciso de ir. Sei como chegar lá. É longe, e vai ser difícil lá chegar, mas sei que tenho todos os ingredientes, todas as pessoas, uma equipa fantástica à minha volta. Por isso, o que importa é o quanto o queremos. E não consigo exprimir-vos o quanto o quero.”