Dois triunfos, o fim de semana mais bem sucedido da sua carreira na Fórmula 1 e uma atitude que o fez perder um campeonato mas ganhar o estatuto de lenda: Sir Stirling Moss, um dos grandes nomes da história do desporto, alcançou algumas das suas melhores conquistas em solo português.
O piloto britânico, considerado por muitos um dos melhores de sempre que nunca chegou ao título na Fórmula 1, perdeu este domingo a vida aos 90 anos.
No entanto, o seu legado, que não se limita às 16 vitórias na Fórmula 1 e passa, por exemplo, pela vitória no mítico ‘Mille Miglia’, nunca será esquecido.
Grande Prémio de Portugal de 1958
Realizada no complicado circuito desenhado nas ruas da Boavista, a corrida portuguesa era a nona da temporada e contou com uma assistência de 50 mil pessoas – apesar das condições climatéricas adversas que se fizeram sentir em pleno mês de agosto.
Embora tenha assumido inicialmente a liderança do Grande Prémio, Moss foi ultrapassado por Mike Hawthorn à sétima volta e recuperou a posição na passagem seguinte pela meta, travando uma dura batalha com o seu rival na luta pelo título.
Com a chegada da chuva, Hawthorn ficou fora da luta pela vitória na sequência de uma paragem para verificar os travões do seu Ferrari e de um problema relacionado com uma vela. No entanto, a distância de 370 quilómetros definida para o Grande Prémio permitiu que ainda conseguisse ser o segundo a ver a bandeira de xadrez, mais de cinco minutos depois de Moss.
Mas o Grande Prémio de Portugal de 1958 não ficará na história simplesmente pelo domínio de Moss: o comportamento do britânico nesse dia contribuiu para que o seu nome se tornasse, indiscutivelmente, um dos grandes na Fórmula 1.
Um protesto contra Hawthorn, que teria conduzido alguns metros na direção errada após reiniciar o motor do seu Ferrari, ditou a desclassificação do principal adversário de Moss.
No entanto, Moss, que tinha presenciado o incidente, dirigiu-se aos comissários para negar a infração cometida por Hawthorn, fazendo com que a decisão fosse revertida e o piloto da Ferrari não perdesse os sete pontos conquistados no Grande Prémio – pontos esses que acabariam por ser fundamentais no final da temporada, quando Hawthorn terminou com apenas um de vantagem sobre Moss.
Grande Prémio de Portugal de 1959
Pela terceira vez na história do desporto motorizado nacional, as corridas apoderaram-se das ruas de Monsanto – desta vez, com a estreia da Fórmula 1 no circuito lisboeta.
Numa grelha de 16 carros que inclua nomes como Phil Hill, Bruce McLaren, Carroll Shelby e o português ‘Nicha’ Cabral, Moss acabou por garantir a pole position após rodar dois segundos mais rápido do que o outro Cooper-Climax de Jack Brabham.
E esse foi o início do fim de semana mais bem sucedido da carreira de Moss na Fórmula 1: o britânico liderou todas as voltas do Grande Prémio, alcançou a sua 11ª vitória e ainda arrecadou a volta mais rápida – só Masten Gregory e Dan Gurney, segundo e terceiro classificados, não foram dobrados por Moss em Monsanto, a sétima ronda da temporada de 1959.