Hannu Mikkola, um dos pilotos que melhor simboliza a expressão ‘Flying Finn’, deixou-nos ontem aos 78 anos. Uma verdadeira lenda dos ralis, o finlandês, que se sagrou campeão do mundo em 1983, também se aventurou nas pistas ao testar um monolugar de Fórmula 1 em 1984.
18 vitórias (três delas no Rali de Portugal), 44 pódios e 666 vitórias em classificativas são números que colocam Mikkola na lista dos melhores pilotos que já competiram no Campeonato do Mundo de Ralis.
Conhecido pelo espetáculo que proporcionou ao volante de carros como o Ford Escort RS1800 e o Audi Sport Quattro S1, o finlandês, que nos deixou esta sexta-feira, mostrou as suas habilidades em pista no ano após a conquista do seu título mundial, história que partilhou durante uma entrevista em 2007.
“Uma vez testei um carro de Fórmula 1, um Arrows-BMW em Donington”, disse Mikkola. “Eu estava a conduzir contra o Marc Surer [ex-piloto de Fórmula 1] e deixaram-me fazer 12 voltas para me habituar ao carro. Depois conseguiram fazer com que eu fizesse 10 voltas rápidas.”

“Fiquei muito surpreendido porque é tão baixo que não conseguias ver bem as curvas em alguns locais. Fui 3,4 segundos mais lento do que o Surer após 10 voltas, por isso fiquei muito orgulhoso. E não fiz nenhum pião.”
“Mas consegui colocar o carro de lado e foi a partir daí que percebi o quão difícil era conduzir um carro de Fórmula 1. Nessa altura, estavas sentado na frente do carro e depois tinhas os motores e tudo o resto.”
“Quando o colocas de lado, antes de o sentires na frente do carro, a traseira já estava muito longe, porque era um movimento tão pequeno. Não havia muito tempo para corrigi-lo.”
Surer, que competiu em 88 Grandes Prémios de Fórmula 1 entre 1979 e 1986, teve a oportunidade de conduzir o Audi Quattro de Mikkola, afirmou o finlandês.

“Ele era um típico piloto de Fórmula 1”, referiu Mikkola. “Ele disse: ‘Acho que o Mikkola tem a vida muito mais facilitada ao conduzir um carro de Fórmula 1 do que eu num Quattro de tração às quatro rodas’. Mas ele já tinha feito ralis.”
“Essa era a altura em que tínhamos 550 cavalos de potência no carro de ralis e eles perguntaram: ‘Qual é a diferença entre um carro de Fórmula 1 e um carro de ralis?’. Eu disse: ‘Dos 0 aos 200 km/h não é diferente, mas dos 200 aos 300 km/h é onde está toda a diferença’!”