Alain Prost afirma que a sua decisão de abandonar a Alpine foi motivada pelo egocentrismo do diretor executivo Laurent Rossi.
O quatro vezes campeão do mundo de Fórmula 1 confirmou esta segunda-feira ter rejeitado uma proposta da Alpine para se manter como diretor não-executivo da equipa em 2022.
Em declarações ao jornal L’Équipe, Prost mostrou-se insatisfeito com o ambiente vivido dentro da equipa desde que Rossi assumiu a posição de diretor executivo.
“A temporada de 2021 foi muito perturbadora para mim, pois senti que aqueles que já cá estavam há muito tempo tinham de ir embora”, afirmou Prost ao jornal francês. “Aceito a mudança, pois não precisas de fazer as coisas sempre da mesma forma na Fórmula 1. Podes fazê-lo de forma diferente, e foi o que aconteceu no ano passado. Mas para mim, tornou-se demasiado complicado.”
“Já não estava envolvido no processo de tomada de decisões, às vezes discordava por completo mas tinha de continuar a transmitir a palavra oficial.”
“Mesmo como membro do conselho, soube de algumas decisões no último minuto. Posso não ser ouvido, mas devo pelo menos ser informado a tempo. É uma questão de respeito. As relações têm-se tornado cada vez mais complicadas, conseguia sentir muita inveja.”
“O Laurent Rossi quer estar sozinho e não ser incomodado por ninguém. Na verdade, ele próprio me disse que já não precisava de um conselheiro.”
“Isso foi no Qatar, mas ele ainda me ofereceu um contrato em Abu Dhabi, que eu recusei. Devo dizer que acreditava – e ainda acredito – neste ambicioso projeto, que aumentou incrivelmente a motivação do grupo.”
“No entanto, há agora uma vontade real de afastar muitas pessoas. O Laurent Rossi quer todos os holofotes. O que me interessa é o desafio de fazer parte de uma equipa, ser ouvido e estar envolvido em algumas decisões.”
“Estava propositadamente em segundo plano, mas discretamente tive alguma influência, apesar de todos os desacordos que guardei para mim mesmo.”
O francês revelou ainda que esteve perto de se candidatar à presidência da Federação Internacional do Automóvel, escrutínio que decorreu no passado mês de Dezembro e ditou a eleição de Mohammed Ben Sulayem.
“Vou contar-vos um segredo: Estive muito perto de concorrer à presidência da FIA, mas já era tarde demais”, acrescentou. “Estou na Fórmula 1 há quase quarenta anos, em todos os cargos, desde piloto a dono de equipa, incluindo posições de direção.”
“É um papel que poderia ter gostado, mas não estou à procura de nada em particular. Só quero ser feliz e trabalhar com pessoas de que gosto.”
Quando lhe perguntaram se ainda conseguia retirar prazer do cargo que ocupava na Alpine, Prost respondeu: “De modo algum. Quando o diretor de equipa nem te cumprimenta quando chegas ao circuito, não há mais diversão.”