Valtteri Bottas e George Russell protagonizaram esta tarde um aparatoso acidente durante o Grande Prémio da Emília-Romanha e os dois pilotos têm visões diferentes daquilo que se passou e não se entendem sobre quem foi realmente o culpado.
Russell tentava ultrapassar Bottas quando este ainda se encontrava a tentar fazer os seus pneus funcionarem depois de uma paragem nas boxes. Com DRS e bastante mais rápido na reta, Russell colocou-se lado a lado com o piloto finlandês que esboçou um pequeno movimento defensivo fazendo com que o Williams pisasse a zona molhada da parte exterior da pista, sendo suficiente para que Russel perdesse o controlo do seu carro e colidisse com o Mercedes de Bottas.
“Parei para montar pneus para piso seco e tive algumas dificuldades, levei tempo para fazê-los funcionar. O George [Russell] aproximou-se e decidiu tentar ultrapassar, obviamente a pista é consideravelmente estreita, só havia uma trajetória seca e ele foi por fora, houve sempre espaço para 3 carros, mas aquela tentativa não fez qualquer sentido. Ele obviamente perdeu o controlo [do carro] e bateu-me”, disse Valtteri Bottas quando questionado sobre a sua visão dos acontecimentos.
O piloto finlandês disse ainda que não tinha falado com Russell, mas que não conseguia compreender a visível fúria que o piloto da Williams demonstrou logo após o acidente.
“Ainda não falei com ele, eu não consegui ouvir nada do que ele estava a dizer. Eu não percebo, é claramente culpa dele e eu não percebo a fúria.”
“Não pontuei, portanto é dececionante. Foi uma corrida difícil [até ao acidente], tendo em conta a minha posição no arranque, não é fácil recuperar. Temos de tirar o que podemos de positivo deste fim-de-semana e seguir em frente”, terminou Bottas.
Já Russell, ainda visivelmente incomodado sobre o incidente, disse, nas entrevistas realizadas após a corrida, que a pequena mudança de trajetória por parte de Bottas foi o determinante para que os dois colidissem, lamentando também o facto deste acidente se dar numa corrida em que a Williams ia pontuar.
“Estou desapontado, chateado e frustrado por toda a gente [na equipa]. Íamos pontuar, o carro estava rápido. Obviamente, tentar ultrapassar um Mercedes com um Williams, não se vê há muito tempo. Contente [por ver isso], mas frustrado”, começou por dizer Russell.
“Entre todos os pilotos existe este acordo de cavalheiros em que quando existe um carro mais rápido a aproximar-se com DRS aberto o piloto que está a ser ultrapassado não deve mudar de trajetória no último momento. Eu estava no cone de aspiração e assim que me coloco lado a lado com o Valtteri [Bottas] ele muda de trajetória ligeiramente e isso foi suficiente para me fazer sair da trajetória e colocar-me em piso molhado.”
“Um infeliz acidente, mas igualmente inevitável quando um piloto faz uma pequena mudança de trajetória como esta. É uma mudança de trajetória pequena, mas quando vais a 350 km/h e estás 50 km/h mais rápido do que o carro à frente é enorme.”
Sobre a sua reação, o jovem pilotos da Williams explicou que estava muito chateado e frustrado no momento imediatamente após o acidente e questionou se Valtteri Bottas se teria defendido desta maneira se estivesse a ser ultrapassado por outro piloto.
“Obviamente que estava muito chateado e frustrado com ele na altura. Estou a lutar pelo nono lugar e o nono lugar para ele é absolutamente nada, é praticamente insignificante e ele defendeu-se como se estivesse a lutar pela vitória na última volta da corrida. Faz-me questionar o porquê de fazer isso por um nono lugar, se calhar se fosse outro piloto ele não teria feito isso.”
“Tal como eu disse, ele não tem a culpa toda, assim como eu não tenho a culpa toda, mas podia ter sido evitado. Acho que isto é um bom exemplo para os comissários que um pequeno movimento como este pode causar acidentes”, finalizou Russell.