Nikita Mazepin anunciou a criação da fundação “We Compete As One” para auxiliar os atletas russos prejudicados pela guerra e afirmou ter ficado “muito desapontado” com a forma como foi despedido pela Haas.
O piloto russo, que perdeu o seu lugar na Haas na sequência da invasão do seu país à Ucrânia, abordou esta quarta-feira o tema numa videoconferência com a imprensa especializada.
Em simultâneo, a Uralkali, patrocinadora de Mazepin, emitiu um comunicado onde exigiu o reembolso do dinheiro que tinha investido na equipa para 2022 – capital que será canalizado para a fundação We Compete As One.
“A decisão da Haas não se baseou em nenhuma diretiva do órgão que governa o desporto, nem foi ditada por quaisquer sanções impostas contra mim, contra o meu pai, ou contra a sua empresa.”, disse Mazepin. “E, claro, não me parece que isto seja justo.”
“Mas há aqui algo mais importante. Eu pergunto, não há espaço para a neutralidade no desporto? Um atleta não deveria ter direito não só a uma opinião, mas também a manter a opinião fora do espaço público? Deve um atleta ser punido por isso? E será que queremos que o desporto se torne apenas mais uma praça pública para protestos e debate político?”
“Todos conhecemos casos em que um país se recusa a competir contra outro nos Jogos Olímpicos devido às suas discordâncias políticas. Vimos na década de 1980 que uma geração de atletas perdeu os seus sonhos e a oportunidade de competir ao mais alto nível quando os países começaram a boicotar-se uns aos outros.”
“É aqui que queremos que o desporto esteja? Ou será o desporto uma forma de aproximar as pessoas, mesmo nos momentos mais difíceis, e especialmente nos momentos mais difíceis? A minha experiência nos últimos dias informou-me muito sobre estas questões.”
“Todos sabemos que a carreira de um atleta é curta e que são precisos anos de intenso sacrifício para se estar ao mais alto nível. Quando essa recompensa final te é retirada, é devastador. E ninguém está a pensar no que acontece a seguir a estes atletas. Eu vou abordar isto.”
Mazepin referiu ainda ter ficado particularmente desapontado com a falta de comunicação entre ele e a equipa após o teste de Barcelona.
“Fiquei muito desapontado com a forma como as coisas foram tratadas, estava preocupado com o meu futuro desde que deixei Barcelona”, acrescentou. “Disseram-me que se a FIA ou o órgão dirigente me permitir competir, não haverá nenhuma ação para me retirar do lugar porque não há nenhuma obrigação legal ou razão.”
“Nas minhas relações anteriores com o Gunther, que sempre respeitei como homem, tenho estado habituado a acreditar 101% nas suas palavras. Ele é um chefe de equipa e por norma, se ele diz algo, isso acontece sempre.”
“Mas eu não ouvi qualquer informação da equipa desde que isto aconteceu e soube do meu despedimento ao mesmo tempo que a imprensa. Como digo, gosto de pensar que ainda sou um jovem, e não estava preparado para isto.”
“Não recebi qualquer pista de que esta iria ser a decisão. Disseram-me para estar pronto para ela 15 minutos antes. Recebi mensagens de pessoas e soube ao mesmo tempo que vocês.”
Ele que vá queixar-se ao Putin e ao Pai, que faria melhor se lhes pedisse para parar a guerra. Isso sim ajudaria os pilotos russos.