O Conselho Mundial de Automobilismo da FIA aprovou esta terça-feira os regulamentos das unidades motrizes de 2026 e as medidas de combate ao porpoising.
A primeira revisão estrutural aos regulamentos das unidades motrizes desde o início da era híbrida incluirá a introdução de combustíveis totalmente sustentáveis, a remoção do complexo MGU-H – cuja perda será substituída por um aumento da potência do MGU-K para 350kW – e a implementação de um teto orçamental de 130 milhões de dólares – 140 para 2026 e 135 para 2027 no caso dos novos fabricantes.
Em 2027, cada piloto terá à sua disposição três motores de combustão interna, três turbos, duas centralinas, duas unidades de armazenamento de energia e três escapes, ao invés dos oito atualmente permitidos.
No entanto, será permitida uma substituição adicional de cada componente na temporada em que os regulamentos entrarão em vigor.
De acordo com o órgão governativo do desporto, a nova era de unidades motrizes na Fórmula 1 assentará em quatro pilares:
Manutenção do espetáculo – a unidade motriz de 2026 terá um desempenho semelhante às atuais, utilizando motores de combustão interna V6 de alta potência e alta rotação e evitando uma diferenciação excessiva no desempenho para permitir melhores corridas.
Sustentabilidade ambiental – a unidade motriz de 2026 incluirá um aumento na utilização de energia elétrica até 50% e utilizará combustível 100% sustentável.
Sustentabilidade financeira – os regulamentos financeiros relativos às unidades motrizes reduzirão os custos globais para os concorrentes, mantendo ao mesmo tempo a montra de tecnologia de ponta que caracteriza a Fórmula 1.
Apelativos para novos fabricantes – os regulamentos destinam-se a possibilitar que os recém-chegados ao desporto entrem a um nível competitivo.
É de esperar que a confirmação destas medidas abra caminho para que a Porsche e a Audi anunciem a entrada na Fórmula 1 como fabricantes de unidades motrizes em 2026.
“A FIA continua a impulsionar a inovação e a sustentabilidade em todas as suas categorias e os regulamentos da unidade motriz de 2026 são o exemplo mais relevante dessa missão”, disse Mohammed Ben Sulayem, presidente da FIA.
“A introdução de tecnologia avançada juntamente com combustíveis sintéticos sustentáveis alinha-se com o nosso objetivo de proporcionar benefícios para os utilizadores de veículos de estrada a permite-nos cumprir a missão de sermos neutros em carbono até 2030.”
“A Fórmula 1 está atualmente a desfrutar de um crescimento imenso e estamos confiantes de que estes regulamentos aumentarão o entusiasmo que as nossas alterações de 2022 produziram.”
Uma versão alargada dos regulamentos das unidades motrizes para a temporada de 2026 da Fórmula 1 pode ser consultada aqui.
Porpoising
O Conselho Mundial de Automobilismo da FIA ratificou ainda diversas alterações aos regulamentos técnicos de 2022 e 2023 por motivos de segurança.
O fenómeno do porpoising, um movimento oscilatório vertical resultante dos regulamentos introduzidos em 2022, levantou preocupações relativamente à saúde e ao bem estar dos pilotos.
Embora a situação do porpoising tenha estado em menor evidência nos Grandes Prémios que antecederam a pausa de verão, a Federação Internacional do Automóvel acredita que o fenómeno poderá manter-se e até piorar caso não sejam tomadas medidas com efeito imediato.
Por essa razão, a partir do Grande Prémio da Bélgica, para além de monitorizar o fenómeno e definir um limite de segurança ao qual as equipas deverão obedecer, a FIA introduzirá alterações aos requisitos de rigidez das pranchas e patins.
Para 2023, foi estipulada a adição de um sensor para controlar o fenómeno de forma mais eficaz, bem como a elevação do fundo dos carros em 15 milímetros – ao invés dos 25 milímetros inicialmente propostos.
Roll Hoops
O impressionante acidente de Zhou Guanyu no arranque para o Grande Prémio da Grã-Bretanha motivou uma detalhada análise sobre diversos aspetos: desde a origem da colisão até à operação de extração do piloto.
O facto de o ‘roll hoop’ do Alfa Romeo se ter separado do chassis durante o acidente foi uma das principais preocupações da FIA e resultou nas seguintes conclusões:
- A extremidade pontiaguda do roll hoop escavou o alcatrão, contribuindo para a elevada força horizontal que o levou a quebrar;
- As palavras nos regulamentos atuais permitem às equipas homologar os seus roll hoops de uma forma que pode levar a que este não resista às forças originalmente estipuladas;
- Um aumento significativo na robustez do roll hoop deve ser implementado na Fórmula 1.
Na sequência de extensas discussões nas reuniões do Comité Técnico Consultivo especificamente convocadas para a análise da questão, o Conselho Mundial aprovou as seguintes alterações aos regulamentos técnicos de 2023:
- Uma alteração para exigir uma extremidade redonda no topo do roll hoop, que reduzirá a possibilidade de este escavar o alcatrão durante um acidente;
- Uma alteração para garantir uma altura mínima para o ponto de aplicação do teste de homologação;
- Criação de um novo teste de homologação em que a carga empurra o roll hoop numa direção frontal Definição de novos testes a realizar por cálculo.