Enquanto alguns pilotos descrevem a penalização atribuída a Fernando Alonso em Melbourne como “ridícula”, outros condenam o comportamento “perigoso” do espanhol.
O piloto da Aston Martin recebeu uma sanção de 20 segundos por ter agido de forma “potencialmente perigosa” ao travar mais cedo do que o habitual e provocar a saída de pista de George Russell na penúltima volta do Grande Prémio da Austrália.
O veredito causou uma notória divisão de opiniões entre os pilotos, com o tema a marcar a quinta-feira do Grande Prémio do Japão.
George Russell
“Obviamente, foi uma situação um pouco estranha na semana passada.”
“Fui apanhado totalmente de surpresa. Estava a olhar para o volante para fazer uma mudança na reta, o que todos fazemos ao longo da volta, e quando olhei para cima estava na caixa de velocidades do Fernando e já era tarde demais. Quando dei por mim, estava no muro.”
“Penso que, se não tivesse sido penalizado, teria aberto um precedente para o resto da época e para as categorias de promoção, dizendo que podes travar a meio de uma reta.”
“Não tenho nada de pessoal com o que aconteceu com o Fernando e provavelmente teve consequências maiores do que devia. Mas, como disse, se não for penalizado, é possível travar a meio da reta? Não sei. Portanto, não há mais nada a dizer.”
Lando Norris
“O que o Fernando fez foi estranho, mas acho que nem de perto pode ser considerado um brake test. Não sei exatamente o que aconteceu. Deveria ser uma penalização? Não. O George devia ter-se apercebido. Ele teve tempo para ver o que estava a acontecer.”
“Tenho a certeza que é sempre mais difícil estar nessa situação, mas esse tipo de coisas não devia ser penalizada. Não foi um brake test. Foi uma tentativa de ser inteligente, o Fernando a ser o Fernando e o Russell a ser apanhado.”
“Ele estava 100 metros à frente e a abrandar. Só a velocidade de aproximação apanhou o George desprevenido. Nem de perto nem de longe isso deveria ser uma penalização.”
“Se o George estivesse muito mais perto e, de repente, a meio da reta, o Fernando abrandasse ou se desviasse, então seria diferente. O George não tinha de fazer nada a não ser travar cinco metros antes e o resultado teria sido diferente, por isso também é uma questão para o George.”
“Quando és piloto, tens de reagir a tudo o que te rodeia. É pior entrar na Curva 1 no início da corrida, não fazemos ideia de quando as pessoas vão travar, mas temos de reagir. Assim que eles travam, tu travas.”
Nico Hulkenberg
“Na minha opinião pessoal, quando vi tudo, não fiquei muito impressionado com a tática do Fernando, para ser honesto.”
“Melbourne, afinal, é uma espécie de circuito de citadino. É bastante estreito, aproximamo-nos da curva a 260-270km/h e é uma saída cega. E se, por qualquer razão, o sistema de bandeiras se atrasasse e um de nós tivesse batido no George, penso que o resultado e a forma como ele se sente poderiam ter sido bastante diferentes.”
“Por isso, penso que, embora esta tática seja bastante comum na Fórmula 1, naquela curva em particular, com aquela velocidade, com uma saída cega, penso que é a curva errada para o fazer. Produziu uma situação bastante perigosa.”
“O que também não entendo é que logo a seguir, no rádio, ele fala de problemas com o acelerador – como o acelerador preso. Mas depois, mais tarde, já não fala disso.”
“Diz apenas que se trata de um procedimento normal e de uma tática. Portanto, não está de acordo e parece ter mudado de opinião. Mas, como eu disse, não fiquei muito impressionado com isso.”
Lance Stroll
“Achei que foi ridículo, para ser honesto. Acho que ele não fez nada de estúpido, estava apenas a preparar a saída da curva. Receber uma penalização de drive-through por um incidente que nem sequer envolveu qualquer contacto entre os carros ou algo do género… Não percebi bem.”
“Acho que a penalização em geral foi uma piada. Onde é que se traça a linha entre conduzir desnecessariamente devagar e ser apenas tático?”
Charles Leclerc
“A minha opinião é que é algo que fazemos enquanto pilotos, mas não a esse ponto. O que o Fernando fez na Austrália foi um pouco exagerado e tinha de ser penalizado.”
“No entanto, penso que há algo que temos de analisar em termos de penalização. Há muito tempo que trabalhamos com penalizações de tempo, o que é um pouco errado porque, de certa forma, somos vítimas da nossa própria sorte.”
“Se tivermos um Safety Car a duas voltas do fim, o que poderia ter sido o caso naquele cenário, passamos de sexto para último. Se estiveres numa posição como a do Fernando, só perdes dois lugares, por isso acho que há algo a analisar e a tentar melhorar para o futuro.”