Recordando o Grande Prémio do Azerbaijão, Daniel Ricciardo lamentou a falta de preparação para os festejos da vitória e partilhou os seus sentimentos após uma caótica corrida em Baku.
“Se me dissessem que poderia ganhar, teria preparado algo melhor para depois da corrida. Não foi uma celebração particularmente efusiva.
“Terminei a corrida, fui ao pódio, dei entrevistas nas duas horas seguintes e fui direto para o aeroporto com a equipa. Chegámos a Milton Keynes por voltas das 2h00 e nem consegui dormir a pensar naquilo que tinha acontecido. Logo de manhã iniciei uma sessão de 10 horas no simulador.
“Já passou mais de uma semana e ainda tenho dificuldade em lembrar-me de uma corrida mais caótica que a do Azerbaijão. O meu engenheiro estava sempre a reportar acontecimentos em pista – tudo parecia possível. Quando cheguei a terceiro e o Lewis e o Seb estavam na frente, percebi que o Seb ia ser penalizado e contentei-me com a segunda posição. Mas depois o Simon [engenheiro] disse-me que o Lewis ia ter de parar para substituir o encosto da cabeça e de repente estava a liderar a corrida.
“Depois de cruzar a linha de meta não conseguia parar de rir via rádio. O que é que era suposto eu dizer depois daquilo? Mesmo se terminasse em quinto teria saído de Baku com um enorme sorriso na cara”.
Inspiração
Após a sessão de simulador em Inglaterra, Ricciardo regressou a casa para se preparar para a Áustria e celebrar o seu aniversário.
“Fazer 28 anos? Não é nada mau. Mas fez-me pensar sobre um dos meus desportistas favoritos e um dos meus desportos favoritos – Valentino Rossi e MotoGP.
“Ele é 10 anos mais velho do que eu e disseram-me que passaram 21 anos desde a sua primeira vitória até à mais recente em Assen (no mesmo dia em que ganhei em Baku). 21 anos! Ganhar é uma coisa – e ele já ganhou muitas – mas ele é uma inspiração mesmo do ponto de vista físico. MotoGP é um desporto muito físico – já para não mencionar as lesões associadas – por isso o facto de ele continuar a lutar por campeonatos é notável.
“Mentalmente não se deixou afetar pelas viagens e pelos compromissos fora das corridas, e isso é quase tão impressionante. Pessoalmente, acho que quando me retirar será pelo cansaço de todo o “circo” e pela vontade ficar afastado dos aeroportos ao invés de fatiga das corridas em si e da competição. Sei que tenho muitos compromissos, mas teria de multiplicá-los por 50 para chegar aos do Valentino. Espanta-me ele conseguir manter-se no topo mesmo com esses compromissos, a parte física e o facto de correr contra uma geração mais nova que ele”.
Vettel vs Hamilton
Daniel Ricciardo afirma que Sebastian Vettel não procedeu corretamente no incidente com Lewis Hamilton mas concorda com a penalização atribuída ao alemão.
“O maior motivo de conversa deste Grande Prémio foi o incidente entre o Lewis e o Seb. Toda a gente parece ter uma opinião sobre isso, e esta é a minha.
“Diz-se que o Seb deveria ter tido uma penalização mais severa, mas para mim isso só surgiu porque ele acabou por bater o Lewis, que teve problemas com o encosto da cabeça. Se isso não acontecesse e o Lewis ganhasse – o que parecia o mais provável – e o Seb terminasse, por exemplo, em quinto, não haveria tanta polémica. Para mim, uma penalização de 10 segundos de ‘stop-go’ é a maior que se pode atribuir se excluirmos a bandeira preta.
“Perdem-se 20 segundos a percorrer as boxes e mais 10 segundos parado. Uma penalização demasiado ligeira seria, por exemplo, a atribuição de 10 segundos ao seu tempo final de corrida. Para mim, foi a penalização adequada. O que ele fez não foi correto, mas também não foi perigoso. Não acho que este assunto mereça ser arrastado, mas parece-me que a discussão irá continuar na Áustria”.